Eu estou passando por você.
Continuo andando do mesmo lado da calçada, óculos de sol no rosto, jeito de andar relaxado, um cigarro na boca.
A mesma subida chata de todas as manhãs, sem gole de água emprestado, sem mãos dadas.
Dessa vez eu te vejo é do outro lado da rua, sentido oposto, olhos baixos.
De longe não tem olhar, nem cheiro de perfume, nem palavra ensaiada que desarruma o dia.
Só tem uma visão embaçada, o resto medíocre, o rascunho que foi pro lixo.
Eu tenho pressa de chegar, nem noto sua hesitação e muito menos sua olhadela para trás
Por entre um passo e outro nem percebo que pensas em correr atrás de mim
O sinal se abre, os carros começam a acelerar.
Eu continuo do meu lado, vc atravessa para tentar lembrar como se flutua.
Esse meu lado não te vê mais, estás como que em outra dimensão.
A chuva vespertina chega fria, toca o asfalto e a pele, inunda os ouvidos.
Por um segundo penso ouvir uma voz conhecida, o som se afoga nas águas.
Eu estou longe.
As pessoas voltam do trabalho para suas casas, elas estão obstruindo seu caminho.
Senta-se em uma mureta, exausta.
Chuva, pessoas, subida, buzina.
O ar fica mais fresco quando se acaba.
Somente eu e uma avenida vazia, úmida. A chuva cansou de cair, cheiro de mato e óleo de motor.
Nesta São Paulo cinza, eis que meus olhos avistam alguém.
Estás parada com os olhos fixos, um rosto desconcertado. Agora a vi com os contornos já conhecidos.
Continuo a andar meu caminho, me aproximo. Vejo teus olhos perdidos reconhecendo os meus.
Eles têm um brilho secreto.
Fecho nosso pacto com um beijo, clareias meu dia, beijas-me.
Carrego suas mãos para o meu bolso, para o meu lado.
Toda a subida tornou-se descida.
Agora o destino é outro e só pertence a nós.
Vento nas esquinas. Sussurros e risadas, água.
Aquilo se vai e você não sabe para onde. Aquilo vira a esquina e desce para longe.
E você?
Os olhos da cor do céu anoitecendo, as roupas frias e a pulsação acelerando.
Estava sentada na mureta de uma casa o tempo todo, fumando um cigarro com gosto de desgosto e imaginação.
Imaginando que poderias ser a companheira que agora desce ao meu lado a rua.
Mas que coisa, nem te avistei!
=) ai que doce vih. Eu gostei, e tenho a minha interpretação (rá) sobre os fatos...hahaha
ResponderExcluirNão precisa mudar, pq está mto bom assim.
bjos
ps. gostei dessas partes "Toda a subida tornou-se descida." (...)"Aquilo se vai e você não sabe para onde. Aquilo vira a esquina e desce para longe."
nada mal, para um dia normal =)
Aewww aewww aeww!
ResponderExcluirBom mesmo que não avistou!
Perdeu playboy! Agr vc é minhaaa! =D
hauhauahuahuahau
Lindo textooo tenho que admitir!
TE AMOOOOOOOOOOO (L)
Juro pra você que sou eu na primeira estrofe, tirando o cigarro é claro! hoaohaoha
ResponderExcluirDigamos que é como esta sua descrição, que pode ser uma metáfora e ainda assim não deixa de falar de fatos. Muito bacana tb por sinal. ;)
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