O oxigênio parece nao cumprir as necessidades fisiológicas.
Ela está sentada em sua cama fitando o teto com apatia e pensamentos desconexos.
As pessoas que entram por sua porta são desconhecidas e estranhamente pálidas,
seus olhos não reconhecem aquelas expressões mas, mesmo assim, fingem compreendê-las para poupar explicações
quilométricas.
As paredes do quarto se contraem sobre ela como um pulsar de um grande coração.. seria ela o sangue daqueles
cômodos que a tanto tempo nao abandonava?
Talvez já faça parte daquele pequeno universo e tenha medo de abandonar sua caverna, onde ela pode se esconder
e esconder seus monstros para somente atormentarem a ela.
A defesa do mundo custava suas forças e, assim, os monstros feriam só ela, mais ninguém.
A janela semi serrada com as cortinas esvoaçantes brilhavam um negrume fétido que tirava sua fala e a lançava
de volta para os pensamentos que tentavam se completar.
Tacos..
Os tacos cor de madeira clara já sem brilho algum criavam um chão que a comprimia e, já sem seus comprimidos,
ela tentava lançar seu corpo para cima e voar por cima dos prédios com a força da mente.
Alguma alma boa por certo a acolheria e a carregaria para um berço nas nuvens onde uma boa taça de vinho
a faria adormecer.
Nem dormir era mais tão legal assim, atormentada por sonhos de guerras e buscas sem sucesso.. o que ocorrera
com os sonhos eróticos ela não sabia..
Mas sabia que agora sonhava acordada!
Fugia para suas cavernas e bolhas, ouvia suas músicas e acumulava em seu mundo interior coisas que ela nao
revelava a ninguém.
As horas passavam.. passam e voam e percorrem o tempo que nao se deixa levar por tamanha letargia.
Mas essas horas não retiram as vontades, que aparecem e nao passam como normalmente se dizia..
Vontades estas que persistem insistentes como um fantasma sussurrando em seus ouvidos o que ela deveria fazer.
E como uma marionete incapaz de dizer não.. ela repete seus dias.
E dias, e dias, e dias e dias.
Seriam, então, estes, dias?
Ou deveriam ser denominados repetições..
meros despercídios do capricho humano?
Deveriam ser chamados de desocupação e oficina do diabo!
O veneno do qual muitos filósofos morreram por pensar demais agora é criado pela própria consciência humana para o próprio homem nao pensar mais!
Isso soa tão clichê, o homem prejudicando o próprio homem..
A menina prejudicando a própria menina..
Moral da história?
Ela se levanta e vai até a janela.
Termina de fechá-la, destranca a porta e se dirige até a porta. Uma barreira antes imensa é, em um passo, derrotada.
Nada como o céu para acolher os pensamentos e sentimentos sufocados dentro de um peito na iminência de explodir.
É difícil entender que as coisas são tão simples.
Ela pára um pouco para respirar e sentir o vento que bate em seus cabelos, o frescor que o movimento das folhas trazem sobre ela, o brilho dos raios de sol no céu azul anuveado.
Esse é o santo remédio que ela precisa e não está dentro de um simples comprimido.
O céu é imenso, sempre cabem milhares de criações humanas dentro do espaçosa caixinha de música que o universo nos deu!
Estou ficando lelé mesmo Com essa brincadeira de ser ou não ser.. A questão não existe, a questão não está em questão. Mas o ser ou não ser está sendo ensaiado nesse palco. Não tem ninguém pra assistir, nas cadeiras vazias somente a sombra de um ou dois espectadores. Eu também estou sentada lá atrás, olhando tudo de cima, criticando minha performance, e você está ao meu lado para me dirigir. Me dirige nesse ser ou não ser, numa peça sem fim. Não tem roteiro, não tem marcação, não tem nem imaginação. Só tem a reação verdadeira e espontânea. Então, penso eu, seja a atuação perfeita. Estamos fazendo um ótimo trabalho, é uma pena, mas uma pena mesmo, que não possamos apresentar.
Esse texto parece até meu ¬¬.
ResponderExcluirEssa convivencia tá foooda!
Amo seus textos cheios de coisas subentendidas.
Beijõooes meu bem!
c cuida