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''Romance de outono''

E então é assim?
Eu despenco de um abismo, me estouro nos rochedos, tento resistir e chegar até a orla.
Lá na beirada há uma grande árvore repleta de folhas tão esverdeadas que me fascinam.
Seu tronco tem a coloração clara, com lascas mais escuras formando um quase dalmateado,
É tão alta e imponente que meus olhos não enxergam seu fim.

Eu me aproximo desta maravilha da natureza, primeiro escrevo meu nome em sua madeira macia,
Depois sento a seu lado para me proteger das chuvas, seus grandes e diversos galhos me protegem do granizo.
O brilho do sol deixa-a tão linda que me apaixono por ela!
Enfeito seus galhos, nutro sua terra, e assim dançamos todas as noites contra o vento.




E será que tem mesmo que ser assim?

Certa noite uma tempestade torrencial atinge nosso precioso altar,
E ele amanhece repleto de rochedos, pedras pontiagudas, areia grossa, espinhos jogados à grama.
Minha linda àrvore acorda enegrecida de tanto entulho,
Lá se vai seu brilho, pobre paixão sublime de minha vida!
Nosso pequeno mundo foi invadido.

Vejo a necessidade de cuidá-la, retornar ao nosso antigo altar,
Ou retirá-la daquele lugar fétido para que possamos rumar em busca de algum lugar bonito.
Enquanto retiro as pedras, elas me cortam e sangram minhas mãos, infectam-me.
Insisto em levar minha amada para outras planícies, mas ela teima em se prender à terra.
Eu entendo.. ela precisa mais do solo do que do meu sorriso sonhador.
Então, mesmo com lágrimas, começo a levantar as pedras e carregá-las para longe dalí,
Minhas mãos feridas não se cansam do árduo serviço.
Não desisto, pois minha bela àrvore precisa brilhar novamente para mim.

Porém, todos os meus esforços fazem com que eu me afaste,
Não passo mais meus dias ao seu lado, encostada em sua pele clara e macia,
E sim em meio a lugares desconhecidos, tentando insistentemente me livrar dos pedaços que afetam nosso amor.
Mas percebo, que mesmo que ela saiba que meus esforços são por uma causa maior,
Suas cores estão desbotando, suas folhas caindo,
Ela se entristece e torna-se apagada em meio ao céu azul.

Oh minha tão bela árvore, o que fizeram a ti?
Mesmo que não possa dedicar-me inteiramente aos teus cuidados
Minha jornada é inteiramente dedicada a nós, logo a grama vai crescer sadia, sem espinhos para ferir-nos,
E o rio voltará a correr sem as pedras caídas em sua nascente.
Peço que tenha paciência, e os passarinhos voltarão aos teus galhos,
Pois irei alimentá-los novamente com nosso amor.
Minha amada, peço que espera..
Pois estamos no outono, e logo virá a primavera!

Comentários

  1. nossa!eu escrevo,logo leio muito.venho sempre observar seu blog,voce escreve bem
    e esse foi um dos melhores que já liii.nunca li algo tãao bonito,to encantada:)

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